sábado, 3 de setembro de 2011

Protocolo 1 - Aula ECA/USP


Ricardo Henrique dos Reis
A princípio fiquei tenso, mal sabia o nome das pessoas. Foi preciso prestar atenção no nome e na fisionomia no momento exato em que era dito, ou a oportunidade se perdia.
- Ah! Então esse é fulano de tal. – Eu logo pensei.
Aos poucos relaxei, controlei minha ansiedade, consegui me coordenar e o jogo ficou divertido e, talvez por isso, foi encerrado. Tinha cumprido a sua função. Em seguida foi pedido para que andássemos pelo espaço (Esse exercício sempre foi o meu preferido) os comandos eram introduzidos pouco a pouco e logo a pequena sala encheu-se de significados.
- Caminhando neutro. – Dizia a professora. – Olho no olho… – E assim por diante, com revezamentos e novos comandos magistralmente inseridos.
O exercício da substância também me chamou bastante atenção pela intensidade nos “sentidos”. É impressionante como atingimos quase instantaneamente uma visão mais intrínseca, para depois experimentarmos o tato, a audição, a visão… Tudo em uma crescente harmonia.
No espelho (e fala espelhada com som) senti certa dificuldade com o som. Minha parceira era excelente, mas me parece que o som estava alheio a qualquer movimento que fizéssemos. Aos poucos um grunhido foi esboçado, logo veio uma tímida gargalhada, que deu espaço para um simples “oi”, tudo tão efêmero. Um toque no espelho foi inevitável e ao final da dinâmica estávamos quase dançando. A harmonia de nossa dança era questionável, é verdade. A improvisação tem dessas coisas.
O exercício do eco foi uma grande surpresa para mim. Também começou com certa tensão e logo estávamos nos divertindo. Foi interessante perceber o ritmo. No início as frases estavam totalmente desconectadas. Logo os intervalos foram reduzidos até que as frases juntaram-se, até sobreporem-se umas às outras. O efeito ficou fantástico. Em alguns momentos ouvia-se um verdadeiro eco, ritmado, conciso, limpo.
Na atividade com as epígrafes ficou legitimada a eficiência dos jogos teatrais. Com apenas uma frase para cada “jogador” foi possível montar cenas inusitadas. Começou com um simples andar, neutro, depois congelamos, foi dado um comando para que apenas uma pessoa se movimentasse e falasse. Tudo encaixou-se naturalmente. O que me deixou “boquiaberto” é que as falas tinham intensidade dramática. O corpo agia em sintonia com o texto e toda aquela “dificuldade” do ator em montar uma personagem ficou esquecida, ou foi substituída pelo eu/aqui/agora. Não havia mais o racional. Agimos com o coração.